quarta-feira, 21 de maio de 2008

Meus pés e a liberdade

Quando meus pés acordam,
ainda limpando os olhos,
conseguem ver o invisível
que se fixa entre o real e o sonho.
Saem serelepes da cama,
entram na velha sandália de asas
e abraçam o mundo, como
se fosse só seu.

À noite, depois de roubar
o viço do dia, correm serpenteando
para seu lugar de aconchego:
lembram das vozes de outros pés,
da imagem de cada rosto,
do jeito sóbrio e lúgubre
de quem se esponja na palavra
o dia inteiro, e diz:

“Quero a extensão da minha liberdade”.
E, entre as letras e os fonemas
dormem o seu sono sagrado.



Maria Maria

3 comentários:

Moacy Cirne disse...

A cada momento, você me surpreende mais e mais. Um beijo.

marilia disse...

Belo poema. Adoro vir aqui.

Maria Maria disse...

Volte sempre, amigo! A casa é sua! Beijos