Não tenho telhados vermelhos
como Lisboa, ou de vidro
como o Louvre.
Minha arquitetura me permite

apenas ver o não dito sob o telhado
da choupana seridoana.
E tenho uma telha, um talhe
que se entorta a cada pegada de mim,
quando felina.
E tenho, o impossessivo.
O pouco de chuva que respinga
de minhas sendas.
E embora a pena de algum passarinho
desmai sobre meu leito,
tenho no peito, o pouco de mim.
Maria Maria
In Poetas vermelhos