Visão sobre o telhado
Não tenho telhados vermelhos
como Lisboa, ou de vidro
como o Louvre.
Minha arquitetura me permite
apenas ver o não dito sob o telhado
da choupana seridoana.
E tenho uma telha, um talhe
que se entorta a cada pegada de mim,
quando felina.
E tenho, o impossessivo.
O pouco de chuva que respinga
de minhas sendas.
E embora a pena de algum passarinho
desmai sobre meu leito,
tenho no peito, o pouco de mim.
Maria Maria
In Poetas vermelhos
quinta-feira, 29 de maio de 2008
quarta-feira, 21 de maio de 2008
Meus pés e a liberdade
Quando meus pés acordam,
ainda limpando os olhos,
conseguem ver o invisível
que se fixa entre o real e o sonho.
Saem serelepes da cama,
entram na velha sandália de asas
e abraçam o mundo, como
se fosse só seu.
À noite, depois de roubar
o viço do dia, correm serpenteando
para seu lugar de aconchego:
lembram das vozes de outros pés,
da imagem de cada rosto,
do jeito sóbrio e lúgubre
de quem se esponja na palavra
o dia inteiro, e diz:
“Quero a extensão da minha liberdade”.
E, entre as letras e os fonemas
dormem o seu sono sagrado.
Maria Maria
Quando meus pés acordam,
ainda limpando os olhos,
conseguem ver o invisível
que se fixa entre o real e o sonho.
Saem serelepes da cama,
entram na velha sandália de asas
e abraçam o mundo, como
se fosse só seu.
À noite, depois de roubar
o viço do dia, correm serpenteando
para seu lugar de aconchego:
lembram das vozes de outros pés,
da imagem de cada rosto,
do jeito sóbrio e lúgubre
de quem se esponja na palavra
o dia inteiro, e diz:
“Quero a extensão da minha liberdade”.
E, entre as letras e os fonemas
dormem o seu sono sagrado.
Maria Maria
quinta-feira, 15 de maio de 2008
Agora e antes
Havia uma mulher
cigânica,
cavérnica
e
domadora.
Amante
e amada
(pelos cabelos).
Uma mulher
que não usava xampus.
Havia...
A mulher de agora
tem uma calcinha na bolsa,
um sutien de silicone,
uma tatuagem
e não mora numa caverna.
A mulher de agora
é surrealista,
feminista,
liberta, mas
nunca deixará de ser mulher.
Maria Maria
Havia uma mulher
cigânica,
cavérnica
e
domadora.
Amante
e amada
(pelos cabelos).
Uma mulher
que não usava xampus.
Havia...
A mulher de agora
tem uma calcinha na bolsa,
um sutien de silicone,
uma tatuagem
e não mora numa caverna.
A mulher de agora
é surrealista,
feminista,
liberta, mas
nunca deixará de ser mulher.
Maria Maria
segunda-feira, 12 de maio de 2008
Ponto final
Hoje não me interessa pensar,
nem mesmo pescar algum boto.
Não me interessam as suas agruras,
os seus desconsolos ou soluços roucos.
Chega de tanta mentira,
o meu choro já me basta.
Eu já me basto.
Maria Maria
Foto: http://bonne.intelligence.free.fr/Kamouniak/pastels%20et%20encres/images/tristesse.jpg
Hoje não me interessa pensar,
nem mesmo pescar algum boto.
Não me interessam as suas agruras,
os seus desconsolos ou soluços roucos.
Chega de tanta mentira,
o meu choro já me basta.
Eu já me basto.
Maria Maria
Foto: http://bonne.intelligence.free.fr/Kamouniak/pastels%20et%20encres/images/tristesse.jpg
sexta-feira, 9 de maio de 2008
Assinar:
Postagens (Atom)