quinta-feira, 12 de março de 2009














Cantiga para a noite nos Apertados

Na areia de um rio inocente
meus pés-meninos caminhavam.
A pele sentia o frio indecente
e o assobio do vento na madrugada.

Era tímida a noite reluzente
quando a lua refletia na alvorada
e o canto da ave persistente
ecoava nos voos da passarada.

Vi o Pe. Anchieta, pensei sozinha de repente,
Logo que um cipó descia na enxurrada,
uma folha, folhinha, semente
e uma folha no galho desgarrada.

O poeta, a poesia sente!
Disse-me o canto rouco do azulão
e na areia daquele rio inocente
ouvi as pegadas poéticas do meu coração.

A noite em minutos era displicente
e o sol me saudava com uma borboleta.
Deitou-se a última estrela cadente
e a poesia do cajado de Anchieta.

Alisei com os pés a areia-gente
e tentei aprontar a minha idéia.
A poesia voava fluentemente
como a flecha de Aquiles numa epopéia.

Não era a Grécia de Helena adolescente
nem as terras dos pássaros enamorados
nem as pedras, caminhos das serpentes.
Era o rio e a areia dos Apertados.

Maria Maria

3 comentários:

Iara Maria Carvalho disse...

a poesia aqui chegou molhada e doce, como as curvas daquelas águas.

beijos...

Moacy Cirne disse...

Oi, há um poema seu (antigo) no Balaio. E votei na sua pesquisa, viu...

Neijos.

Renato de Melo Medeiros disse...

Bela Maria, estou postando escritos aqui, espero sua visita como caprichosa assanhada.
Foi assim q votei: saudosista, acho que o restante é uma saudade enorme quando se sente. E eu sinto saudade de tudo, dias desses chego por aí. Beijão