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Estou órfã
de certos instantes!
Moro nas águas abissais,
e os peixes estão verdes,
não posso aventurar-me
mais nesse mergulho:
não sei nadar,
assim como não sei
navegar.
Maria Maria
Entre dois garfos
O espaço mínimo e fino dessa dimensão é o que me torna – um pouco – clariciana. Como dividir, já dividido, os átomos entre dois metais de textura e forma iguais? E como ser repetitiva num tempo em que a repetição não é mais um modelo de parceria?
Reitero. Reitero sempre e sempre me renovo como o copo de leite nascido no meu jardim de inverno – nesta terra de verões. Branco e virgem, taludo, gomoso. Primeira imagem de broto vesperado.
Aos poucos, nasce o verde que desafia o tempo e cresce intenso na sua missão de ser sempre a cor que o coração deseja.
No momento não consigo abstrair respostas do meu livro como os místicos. Acho- me perdida entre as páginas ou as respostas são parábolas para a minha mente pouco sagaz.
Juntaremos os garfos? Diminuiremos o espaço entre as fortalezas de metal? Ou faremos as construções parnasianas? Se colocarmos os garfos à prova do fogo, quem sabe não faremos deles um só garfo ou, ao final do processo de moldar o ferro ou o ouro não tenhamos construído um interessante poema parnasiano?
Maria Maria