quinta-feira, 19 de agosto de 2010


Manhã

Estavas folha, esta manhã
e sorrias para meus olhos
-nada azuis-esverdeados-,
mas de caule seco.

E me dizias sereno
que a manhã
nascera para mim.
(Nem entendo muito de manhãs)

O meu tempo é de um noturno indefinível,
mas noturno.
O meu tempo é dialético
e furta-cor.

Um caleidoscópio
que só tem sol
ou uma colorida manhã
a mim desconhecida.

Maria Maria

sexta-feira, 13 de agosto de 2010


Plantação

O agricultor plantou um verso:
regou cada palavra,
arou a terra,
preparou o chão,
deixou brotar
(um botão)

Aí, veio a inundação!

Que pena!

O agricultor lamentou,
sentiu,
chorou,
praguejou o mau tema:

?
!

E viu que é mais fácil
plantar algodão
do que escrever um poema.

Maria Maria

quarta-feira, 4 de agosto de 2010


Cama de boa-noite

Uma cama de boa-noite
estendia-se sobre aquela
esquina entardecida.

E girassóis e pássaros
e cânticos e louvores
abriam-se:

como se abre
uma flor ao romper
das noites seridoenses.

Maria Maria

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

CANÇÃO DO TEMPO DOCE

À segunda hora da tarde
o quebra-queixo
é vendido pelo doceiro,
e o tempo doce de coco,
o tempo ameno de amor
vai se desmanchando
em guloseimas e babas
que escorrem pelo canto
mais escondido,
da boca.

Maria Maria